Eu desconhecia Diane Arbus até um bate-papo com um amigo fotógrafo sobre o filme “A pele” – que eu não cheguei a ver. O amigo comentava tratar-se de um filme estranho porém bonito, apesar de incomodado com o subtítulo “Um retrato imaginário” que permitiu grande licença poética para contar a vida da tal Diane – vivida por Nicole Kidman. Eu me incomodei com o fato dos demais amigos fotógrafos da roda conhecerem Diane e eu não. Talvez para aliviar o incômodo de minha própria ignorância, eu conto pra vocês: Diane foi uma fotógrafa americana que apaixonou-se por retratos e deixou sua marca na história ao retratar, com sua Rolleiflex de lente dupla, as figuras mais estranhas e incomuns – de anões a gigantes – até seu suicídio em 1971. Vale a pena conhecer seu trabalho, definitivamente.

Glória Coelho afirma ser Diane Arbus a inspiração para sua coleção de inverno 2008, repleta de pêlos artificiais por todos os lados. Talvez ela não saiba, ou a mídia ignorou esta parte, mas inspirou-se no filme e não em Diane. No tal retrato imaginário, Diane apaixona-se por um personagem homem-lobo que a presenteia com um casaco de seus próprios pêlos. No entanto, não há nada que comprove esse fato e tudo indica que fez parte da licença poética do filme. Essas inspirações do mundo da moda sempre me intrigam.

Inspiração talvez tenha sido o que levou a fótografa inglesa Vanessa Winship a fazer essa foto, vencedora do World Press Photo 2008 juntamente com outras tão inspiradas quanto, na categoria “Portrait stories”, contando a história de meninas rurais na Turquia. Há quem diga que é plágio, mas pra mim é pura inspiração (no famoso retrato das gêmeas de Arbus, aí embaixo).
Gêmeas de Diane Arbus

As vezes não sei se é o mundo que ‘encasqueta’ com um mesmo assunto, ou se sou só eu. Pra quem nem conhecia Diane Arbus, ela anda frequente demais.

E esse post serve pra lembrar, a vocês e quem sabe a mim mesma, que essa que vos fala aprecia a arte da fotografia. Me faz lembrar também que meu pai tinha uma câmera dessas de lente dupla, não sei se era Rolleiflex, e não sei que fim ela levou. Finalmente, lembro de João Gilberto e Tom Jobim, que eternizaram a Rolleiflex fotografando a ingrata que não sabia que no peito dos desafinados também bate um coração. E pra quem não conhece a Rolleiflex:
Rolleiflex

** Mais sobre Diane Arbus pode ser encontrado no inspirado post desse blog que acabo de achar.