Sempre tive essa imagem na cabeça: um bailarino dançando ao som de Bolero de Ravel, à frente da Torre Eiffel, numa coreografia de pliés ritmados. Lembro que achei bonito, lembro de ter sido uma das primeiras vezes que vi um ballet contemporâneo. Lembro do dorso nu do moço. Lembro que tinha muita luz. E lembro que tinha algo a ver com celebrações da Revolução Francesa. Tinha Baryshnikov. E foi em 1989, e essa parte eu já contei aqui.
Minha mãe foi a primeira a me dizer: ‘não era o Baryshnikov, era um bailarino espanhol que já morreu’. E o google confirmou: nem Baryshinikov nem espanhol, era o bailarino argentino Jorge Donn, mas que já morreu mesmo. A coreografia era de Maurice Déjart, e foi encenada pela primeira vez em um filme francês, de 1981, chamado “Retratos da Vida”, de Claude Lelouch. E re-encenada, para minha decepção, numa réplica da Torre Eiffel construída no Aterro do Flamengo, como parte das celebrações do bi-centenário da revolução. Foi a Mesbla quem trouxe a trupe de Maurice Déjart, incluindo o bailarino Jorge Donn. Eu vi pela TV, crente que era na torre original. Crente que era o Baryshnikov.
(era bem mais belo, romântico e emocionante na minha memória)
Foram também longos os anos em que afirmei a várias pessoas que nasci a tempo de frequentar praia na Ilha. Que ainda eram limpas o suficiente na minha remota infância, a ponto de mergulhar. Dizia que tenho foto para comprovar e tudo. Até que minha mãe scaneou a foto, postei aqui, e recebi ligação – de novo – de minha mãe: ‘Deise, aquilo não é a Praia do Chiclete. Essa foto foi na praia da xxxyyyzzzz‘. Nem prestei atenção no nome da praia. A foto é tão mais legal sendo na Ilha.
Acho que prefiro o mundo da minha memória. E o leão que tinha na frente de um restaurante que eu ia com meus pais existiu. Eu adorava aquele leão. Grandão, era azul e vermelho. Tenho até foto com ele, tenho certeza. Pena que minha mãe nunca a achou 🙂
6 comentários
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21 setembro, 2008 às 5:34 pm
Alê
Amiga, que bom que sua mente transforma o que já era bom, em “melhor ainda”!
Boas recordações, principalmente as da infância, faz muito bem a psique!
beijos
22 setembro, 2008 às 3:45 pm
cuerpofitness
ô Deise.. lembro de leão azul e vermelho nenhum não.. eu hein! :-p Era na frente do Rincão? Era de pelúcia daquele moço que ficava vendendo coisas ali na frente?
22 setembro, 2008 às 4:35 pm
Valéria
Eu também frequentei as praias da Ilha na minha infância. Lembro de ter ido à praia da Ribeira muitas vezes quando era bem pequena. E não era vazia não, era bem frequentada, tinha até sorveteiro!
Depois disso, na pré-adolescência lembro de ter ido várias vezes à praia do Zumbi (inclusive com a Áurea).
Beijo,
Valéria
22 setembro, 2008 às 10:32 pm
deiselima
Dani: pq vc está disfarçada de ‘cuerpofitness’????
E acho que meu leão era de pelúcia mesmo, vendido por um moço na frente do Rincão.
Mas na verdade, na minha memória ele estava sempre lá, parado, era enooooooooorme e eu sempre ficava brincando com ele. e eu não entendia que podia simplesmente pedir pros meus pais para comprá-lo pra mim. eu achava que ele ‘morava’ ali.
Mas enfim, um dia eu também achei que o Japão ficava no Brasil, donde se conclui que eu não devo ter sido uma criança muito normal 🙂
Beijos!
22 setembro, 2008 às 11:41 pm
Alê
hahahaha!!!!!
que figura!
🙂
29 setembro, 2008 às 9:36 pm
Simone
hahaha que engraçado esse pseudonimo “cuerpofitness” :-)))
dani tá poderosa marombeira!!
bjs